Há quem diga que o feiticeiro mais poderoso de todos os tempos é um homem chamado Gavião. Este livro narra as aventuras de Ged, o menino que um dia se tornará essa lenda.
Ainda pequeno, o pastor órfão de mãe descobriu seus poderes e foi para uma escola de magos. Porém, deslumbrado com tudo o que a magia podia lhe proporcionar, Ged foi logo dominado pelo orgulho e a impaciência e, sem querer, libertou um grande mal, um monstro assustador que o levou a uma cruzada mortal pelos mares solitários.
Autora: Ursula K. Le Guin
Editora: Arqueiro
176 páginas
Ciclo Terramar #1

À primeira vista, O Feiticeiro de Terramar parece mais um livro de fantasia e magia, assim como tantos outros nas prateleiras. Até você descobrir que ele foi lançado em 1968(!!!!) e serviu de inspiração para autores como Neil Gaiman e Patrick Rothfuss. Aí a história muda.
A história
A história é muito fluida porque o livro é curtinho, mas acontecem muitas coisas. Em um mundo onde as pessoas não revelam o seu primeiro nome a desconhecidos, o jovem Ged é chamado de Gavião e tem um promissor futuro na magia.
Ao ser buscado na pequena vila onde mora pelo mago Ogion, o rapaz tem sede de poder e conhecimento e é enviado para a escola de magia em Roke (não tem como não se lembrar um pouquinho de Hogwarts!).
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O livro da parceria veio com um mapa incrível de Terramar! |
Como o seu maior problema é a arrogância, ele acaba sendo desafiado por outro menino e, para provar o seu poder, acaba soltando uma sombra maligna, da nãovida, que irá persegui-lo sempre. A partir daí, ele vai precisar iniciar o seu caminho como feiticeiro e enfrentar a sombra que se torna um risco para ele e o mundo.
A minha opinião
Quem é acostumado a ler longos diálogos e descrições em livros de fantasia pode estranhar o ritmo acelerado e sem muito espaço para tramas menores em O Feiticeiro de Terramar. É tudo muito objetivo, mas ao mesmo tempo, a autora consegue descrever os lugares e costumes mágicos de uma forma natural, simples e ao mesmo tempo bonita.
Acho que é um livro muito indicado para quem quiser começar na leitura de fantasia. Mas não se engane: ele é curtinho, mas as mensagens que ele traz sobre o equilíbrio de todas as coisas, o reconhecimento da própria pequenez perante os poderes da natureza e a importância de se estar rodeado por pessoas queridas são muito interessantes. Ged as aprende da pior maneira.
Temos poucos personagens a quem nos apegar, basicamente só Vetch, o melhor amigo de Ged, e o mago Ogion. A jornada do Gavião acaba sendo mais importante do que o desenvolvimento dos outros personagens. Eu senti um pouco falta disso, mas creio que seja o estilo da autora.
Outra diferença é a ausência de batalhas épicas, que são comuns em livros do gênero. Tem ação, mas não tem guerra. Sobre isso, a autora arrasou comentando no fim do livro:
Ao reduzir as opções de ação a uma "guerra contra o que quer que seja", você divide o mundo entre o Eu ou Nós (o Bem) e Eles (Mal), reduzindo a complexidade ética e riqueza moral da nossa vida a termos de Sim/Não (...) Nas histórias, isso impede qualquer solução que não seja a violência, oferecendo ao leitor uma mera reafirmação infantil.
Agora, um detalhe muito importante: ao contrário da esmagadora maioria das obras de fantasia, os personagens são negros! Se parar para pensar em Nárnia e O Senhor dos Anéis, é dificílimo ver uma pessoa de pele escura nos filmes, o que é bastante decepcionante para quem é negro e gosta desse tipo de livro e filme (imagine nunca se ver representado nas obras que você mais gosta?).
Também é decepcionante imaginar suas obras favoritas como excludentes de raça. Parece que só o padrão europeu é que tá valendo, mas o mundo é muito mais vasto do que isso. Deveriam seguir o exemplo de Ursula, que, nos anos 60, já percebia isso! Mas o pior é que quase nunca Ged é representado por um negro nas capas e até nas adaptações da obra. Triste, né?
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Uma das poucas ilustrações de Ged que a autora realmente aprova. |
Mas, para resumir, é um livro fácil de ler, com descrições que encantam e que pode ser finalizado em um dia ou fim de semana. Perfeito para quem quer começar a literatura de fantasia ou já é apaixonado por ela e quer descobrir a fonte de seus autores preferidos. E a explicação da autora sobre as suas escolhas na história é ideal para quem quer escrever sobre o tema. Vale a pena dar uma lida!
Oi, Mika!
ResponderExcluirSó de ser mais objetivo e menos descritivo, eu já quero ler esse livro.
Beijos
Balaio de Babados
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Oi, Luiza!
ExcluirIsso é uma vantagem para ler em bem pouco tempo. E a autora consegue manter uma escrita bonita mesmo assim ^^
Bjos!
Eu acho que foi desse livro que a J.K. tirou varias ideias para Hogwarts. Tem escola de magia, conflito entre alunos, um arrogante, o amigo divertido, a menina... enfim
ResponderExcluirOi, Nihal!
ExcluirAcho que sim, viu? Lembra bastante, embora Hogwarts mostre muito mais do que acontece nas aulas e tal.
Bjs!